quarta-feira, 9 de março de 2011

Proyecto Paralelo Quince: Bitácora de Viaje - Parte 3 de 4

Mariposas y bosques nublados
Desde la carretera vimos también los tejados de las casas de Pampagrande, pueblo donde el naturalista francés Alcide D’Orbigny realizó interesantes estudios científicos, que narra en su célebre obra “Viaje a la América Meridional”,  impresa por primera vez en el siglo dieciocho.


Cuando pasamos por la población de Mataral, que lleva a Vallegrande y a otros importantes pueblos de la zona de los valles meso-térmicos, recordé que el lugar alberga importantes yacimientos arqueológicos, que ojalá sean estudiados y protegidos con mucha más atención.
 


Prosiguiendo con nuestro trayecto pasamos por los caseríos de A. del Quiñe,   (donde hay letreros que informan sobre una fascinante área protegida llamada de Jardín de Cactáceas) La Palizada, San Isidro y Tambo.

Después de detenernos en varias ocasiones para fotografiar la belleza de los paisajes que iban surgiendo, nos detuvimos en el plácido poblado de Comarapa, donde compramos algunas frutas y nos enteramos de la existencia de la gran represa de La Cañada, construida para irrigar la producción agrícola de la región.  Luego de dejar para atrás esta pequeña ciudad, empezamos a subir por un camino serpenteante cubierto de una gruesa capa de un polvo tan fino, que parecía azúcar impalpable. Las llantas de los vehículos que transitaban por este accidentado trecho de la carretera antigua a Cochabamba, hacían que se levantase una espesa polvareda que nos impedía la visión casi completamente, obligando a Hélio a esforzarse al máximo para ver la ruta. Camiones, buses y automóviles se tornaban casi invisibles por algunos momentos, mientras ascendíamos en medio de admirables panorámicas  que sólo conseguíamos percibir tenuemente, detrás del movedizo  velo de polvo que nos rodeaba.


Finalmente, después de superar una pavorosa subida de más de una hora, en la que tuvimos que esquivar algunas vacas que exponían su vida en el camino, llegamos a un hermoso paraje cubierto de árboles y espesas nubes saturadas de agua, que le concedían un aspecto misterioso y fantasmagórico.

Era el misterioso y sorprendente bosque nublado de La Siberia, localizado en la frontera sur del Parque Nacional Amboró; uno de los más grandes santuarios de vida silvestre del continente.


Fábrica de lluvia
Allí nos encantamos con retorcidos árboles de curiosas formas y pequeño tamaño, que me hicieron pensar en esculturas fantásticas de un reino de fantasía. Mientras las nubes revoloteaban como libélulas gigantes sobre nosotros, no dejábamos de maravillarnos con la enigmática magia de ese lugar. Es que como estábamos a 3480 metros sobre el nivel del mar, nos sorprendía ver la exuberante vegetación tropical que crecía a esa altitud, pues no combinaba con la visión convencional que teníamos de los Andes.



En ese momento tuve la impresión de que La Siberia era una verdadera fábrica de lluvia, un poderoso manantial que abastece del líquido elemento a una vasta región de Bolivia, generando una nubosidad constante que irriga la tierra con generosidad.


A partir de ese extraordinario y fascinante lugar, el descenso se fue tornando cada vez más serpenteante, con continuos abismos y panorámicas de quitar el aliento. Hubo un momento en que nos detuvimos a comprar duraznos y fotografiar a unos amables campesinos que los seleccionaban y ensacaban al borde del camino. Algunos perros flacos los acompañaban, cubiertos de un pelaje espeso que me hizo recordar  la piel de un oso, sin duda, un mecanismo de adaptación desarrollado para protegerse del frío de esas alturas.
 


Media hora después estábamos en el cruce de caminos que lleva al poblado de Pojo, a 2300 metros de altitud y a una distancia de 193 kilómetros de Cochabamba. En algunos tramos la carretera aún tenía rastros del asfalto de sus épocas de gloria, cuando la única vía de acceso entre Santa Cruz y el resto del país era ese camino.
 

Algunos kilómetros más adelante pasamos por un caserío llamado con justicia Valle Hermoso, ya que evocaba un escenario de cuento de hadas, con pequeñas casas que parecían de muñecas y huertas de papas, habas y repollos. La tarde empezaba a caer con gran velocidad y nos dimos cuenta de que la noche se aproximaba.



Texto: Luca Spinoza
Fotos: Mario Friedlander

Matéria publicada no jornal Diário de Cuiabá




VIAGEM

Diário de Bordo do Projeto Paralelo 15

As imagens e o relato de uma incursão por terras bolivianas com foco numa coordenada. Mais informações sobre esta ação estão no blog:
http://projetoparaleloquinze.blogspot.com
Da assessoria

Terça-feira de carnaval é o dia para fazer oferendas a Pacha Mama, carros são benzidos nas igrejas, as lojas fechadas pelo feriado são reabertas pelos proprietários e seus familiares para fazerem as oferendas que são queimadas pelo fogo em pequenas churrasqueiras que todos tem.

Estouros de bombinhas mil, todas juntas encerram as oferendas, casas são enfeitadas com flores e tomam banho com baldes, são muitos os tipos e procedimentos para as oferendas, enquanto isso nas ruas, todos os jovens e crianças se mobilizam com baldes de água, bexigas e armas plásticas para jogar água nos passantes, de dentro dos carros, inclusive dos taxis, todas as crianças soltam jatos de água nos desavisados, ninguém reclama, uns fogem, outros revidam com spray de espuma e o clima do carnaval continua positivo, não vimos nenhuma briga, agressão ou xingamento em todos estes dias.

Entrevistamos nosso anfitrião, Dom Rene Vergara, proprietário do Residencial Vergara no centro de Oruro, sobre sua real profissão e talento, ele se considera um mineiro com 48 anos de atuação, mas o atual governo desapropriou suas diversas minas e agora ele trabalha com a energia de um mineiro em seu antigo residencial, mas sempre que pode fala com entusiasmo de sua vida nas minas e como agora tudo é mais difícil e sem graça.

Saímos para visitar a Mina del Socavon, cuja entrada está no interior da Igreja de la Candelária ou de La Virgen del Socavon e nos deparamos com um túnel largo que entra muito fundo na terra, nas galerias planas montaram um pequeno museu sobre as minas e depois de visitar a imagem do "Tio da Mina", assistimos uma palestra apaixonada feita pelo guia que acompanha a todos.

Oruro é mais velha que Potosi, aqui começou o trabalho de mineração no que hoje é a Bolívia, aqui chegaram os primeiros negros escravizados, que sucumbiram em pouco tempo ao clima e altitude e aos maus tratos com trabalho insalubre e brutal.

Visitamos a mina e descobrimos com assombro que a partir do interior da Igreja podemos percorrer 250 km de túneis e galerias que se espalham pelas montanhas que circundam a cidade e que hoje são ocupadas pelos bairros da periferia.

De volta à luz e ao frio do dia, vamos entrevistar Fabrizio Cazorla Murillo um jovem apaixonado pela cultura local, em especial a referente sobre o Carnaval de Oruro, somos recebidos em sua casa como se fossemos velhos amigos e sua mãe abre uma garrafa de cerveja local para que brindemos conforme determina a tradição do dia de hoje, só um golinho a Pacha Mama que é jogado sobre o tapete da sala e um meio copo para cada um de nós, cumprida a tradição, penetramos no universo cultural entulhado de referências de Fabrizio, são artigos científicos, recortes de jornais velhos de todo um século, centenas de discos antigos com as bandas e músicas de todos os carnavais antigos, trajes originais até do século 19, máscaras antigas, fotos e postais antigos, filmes, negativos preciosos de vidro em grande formato, textos elaborados por ele mesmo, enfim, nosso novo amigo detém uma parte importante, senão a maior da história do Carnaval de Oruro e sente grande prazer em compartilhá-la.

Lembro de nosso parceiro e consultor na Europa, o historiador João Lucídio, se ele visse o acervo existente com nosso amigo, mudaria para Oruro para produzir livros e muitos outros produtos contando a história deste patrimônio da humanidade.

Finda nossa entrevista, arrumamos as coisas e partimos a La Paz, situada a 237 km em estrada de asfalto de ótima qualidade em terreno nivelado sobre o Altiplano onde deparamos com pequenas vilas e comunidades de agricultores e criadores de lhamas, carneiros e vacas separadas por poucos quilômetros.

A paisagem muito bela e o clima frio, sem exagero, transforma nossa viagem num passeio, cujo final deslumbrante é a chegada a "El Alto" subúrbio gigante de La Paz situada mais abaixo no fundo do vale.

A descida pelo trânsito tumultuado de La Paz é acompanhada pelas visões impressionantes do crescimento urbano que engoliu todas as escarpas de vale e subiu todas as montanhas, que agora com as chuvas violentas, derrubam centenas de casas sem dó nem piedade.

Acima do horizonte, contemplando o caos urbano, o gigante Monte Illimani, com seu topo coberto de neve densa, iluminado pelo pôr do sol, nos deixa abismados e felizes por chegarmos a salvo a La Paz.

Cansados depois de 12 dias de viagens e do enigmático e impetuoso Carnaval de Oruro, encontramos nosso refúgio silencioso, elegante e aconchegante no Hotel Las Palmas, outro de nossos parceiros que nos acolhe com uma perfeição sequer imaginada. Aproveitamos a noite para comer algo e nos reunirmos longamente com a Giovanna Isabel Gonzales Saracho, nossa inestimável parceira em La Paz. Assim completamos doze dias de viagem pela Bolívia.


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Matéria publicada na edição 12958 em 13/03/2011 no Jornal Diário de Cuiabá

Diário de Bordo - 8 de março de 2011

Terça-feira de carnaval é o dia para fazer oferendas a Pacha Mama, carros são benzidos nas igrejas, as lojas fechadas pelo feriado são reabertas pelos proprietários e seus familiares para fazerem as oferendas que são queimadas pelo fogo em pequenas churrasqueiras que todos tem.
 

Estouros de bombinhas mil, todas juntas encerram as oferendas, casas são enfeitadas com flores e tomam banho com baldes, são muitos os tipos e procedimentos para as oferendas, enquanto isso nas ruas, todos os jovens e crianças se mobilizam com baldes de água, bexigas e armas plásticas para jogar água nos passantes, de dentro dos carros, inclusive dos táxis, todas as crianças soltam jatos de água nos desavisados, ninguém reclama, uns fogem, outros revidam com spray de espuma e o clima do carnaval continua positivo, não vimos nenhuma briga, agressão ou xingamento em todos estes dias.
 

Entrevistamos nosso anfitrião, Dom Rene Vergara, proprietário do Residencial Vergara no centro de Oruro, sobre sua real profissão e talento, ele se considera um mineiro com 48 anos de atuação, mas o atual governo desapropriou suas diversas minas e agora ele trabalha com a energia de um mineiro em seu antigo residencial, mas sempre que pode fala com entusiasmo de sua vida nas minas e como agora tudo é mais difícil e sem graça.
 

 Rene Vergara

Saímos para visitar a Mina del Socavon, cuja entrada está no interior da Igreja de la Candelária ou de La Virgen del Socavon e
nos deparamos com um túnel largo que entra muito fundo na terra, nas galerias planas montaram um pequeno museu sobre as minas e depois de visitar a imagem do "Tio da Mina", assistimos uma palestra apaixonada feita pelo guia que acompanha a todos.
 

Mina del Socavon 

Mina del Socavon

Oruro é mais velha que Potosi, aqui começou o trabalho de mineração no que hoje é a Bolívia, aqui chegaram os primeiros negros escravizados, que sucumbiram em pouco tempo ao clima e altitude e aos maus tratos e trabalho insalubre e brutal.

Visitamos a mina e descobrimos com assombro que a partir do interior da Igreja podemos percorrer 250 km de túneis e galerias que se espalham pelas montanhas que circundam a cidade e que hoje são ocupadas pelos bairros da periferia.

De volta à luz e ao frio do dia, vamos entrevistar Fabrizio Cazorla Murillo  um jovem apaixonado pela cultura local, em especial sobre o Carnaval de Oruro. Somos recebidos em sua casa como se fôssemos velhos amigos e sua mãe abre uma garrafa de cerveja local para que brindemos conforme determina a tradição do dia de hoje, só um golinho a Pacha Mama que é jogado sobre o tapete da sala e um meio copo para cada um de nós. Cumprida a tradição, penetramos no universo cultural entulhado de referências de Fabrizio, são artigos científicos, recortes de jornais velhos de todo um século, centenas de discos antigos com as bandas e músicas de todos os carnavais antigos, trajes originais até do século 19, máscaras antigas, fotos e postais antigos, filmes, negativos preciosos de vidro em grande formato, textos elaborados por ele mesmo, enfim, nosso novo amigo detém uma parte importante, senão a maior da história do Carnaval de Oruro e sente grande prazer em compartilhá-la.
 

Fabrizio  Cazorla Murillo


  Capa de disco antigo do carnaval de Oruro

Lembro de nosso parceiro e consultor na Europa, o Historiador João Lucídio, se ele visse o acervo existente com nosso amigo, mudaria para Oruro para produzir livros e muitos outros produtos contando a história deste patrimônio da humanidade.
 

Finda nossa entrevista, arrumamos as coisas e partimos a La Paz, situada a 237 km em estrada de asfalto de ótima qualidade em terreno nivelado sobre o Altiplano onde a cada poucos quilômetros nos deparamos com pequenas vilas e comunidades de agricultores e criadores de lhamas, carneiros e vacas.
 

Estrada Oruro a La Paz

Estrada Oruro a La Paz

A paisagem muito bela e o clima frio sem exagero, transforma nossa viagem num passeio, cujo final deslumbrante é a chegada a "El Alto", subúrbio gigante de La Paz situada mais abaixo no fundo do vale.
 

Arredores de La Paz

Arredores de La Paz

A descida pelo trânsito tumultuado de La Paz é acompanhada pelas visões impressionantes do crescimento urbano que engoliu todas as escarpas de vale e subiu todas as montanhas, que agora com as chuvas violentas, derrubam centenas de casas sem dó nem piedade.
 

Acima do horizonte, contemplando o caos urbano, o gigante Monte Illimani, com seu topo coberto de neve densa, iluminado pelo pôr-do-sol, nos deixa abismados e felizes por chegarmos a salvo a La Paz.
 

Nevado Illimani 

Nevado Illimani 

Equipe chegando em La Paz

Cansados depois de 12 dias de viagens e do enigmático e impetuoso Carnaval de Oruro, encontramos nosso refúgio silencioso, elegante e aconchegante no Hotel Las Palmas, outro de nossos parceiros que nos acolhe com uma perfeição sequer imaginada.
 

Aproveitamos a noite para comer algo e nos reunirmos longamente com a Giovanna Isabel Gonzales Saracho, nossa inestimável parceira em La Paz, onde tratamos de muitos assuntos que deverão ser encaminhados a partir de amanhã cedo.
 

Assim completamos doze dias de viagem pela Bolívia.


Texto e fotos: Mario Friedlander