sábado, 30 de abril de 2011

O Congo de Vila Bela

Apesar de ser vista como uma dança, o Congo representa mais que isto. O Congo é o guardião de São Benedito, sem o qual os festeiros e os instrumentos rituais que representam o Santo e a Irmandade não podem sair às ruas. Os figuras do Congo são Soldados da fé, devotos que saem às ruas armados de espadas, com postura militar para escoltar o Santo, demonstrando sua crença e devoção a toda a comunidade.

Rei do Congo, Joaquim das Neves Fernandes Leite "Joaquim Poeta" (in memorian)

Através das músicas, comunicam-se com os festeiros e com o público, homenageiam a Irmandade e alegram a comunidade.


O Grupo do Congo é formado por 27 homens adultos e um pré-adolescente, que desempenham as funções de: Rei; Príncipe; Secretário de Guerra; Embaixador; 2 Guieiros; 8 Músicos; 14 Soldados. Conforme o Rei do Congo existem ainda 1 Camareiro e 4 Soldados da Reserva.

Atualmente estão organizados através da Associação da Dança Cultural do Congo (ADCC), criada em 2000 (CNPJ 03.840.441/0001-90), cujo Presidente é o Sr. Joaquim das Neves Fernandes Leite, atual Rei do Congo.


O Rei do Congo, sob a escolta de um Soldado, mostra o bastão de mando, o mesmo conduzido pelo antigo Rei Antônio Simplício e provavelmente por muitos outros.


Reprodução de foto antiga da década de 50, Seo Antônio Simplício, considerado pelos vilabelenses como o melhor Rei que o Congo já teve.
Era um poetista ou repentista notável.


O Grupo apresenta-se com indumentária especifica chamada de fardamento, que consiste de camisas de manga comprida, eventualmente camisetas; calça comprida; botinas de couro; capas compridas; faixas peitorais, capacetes com penas de ema; chapéus enfeitados; escudos peitorais; espadas de madeira; cincerros; coroa e bastão de mando.

A função específica do Congo é a de buscar e reunir todos os festeiros de São Benedito, levá-los a missa, buscá-los de volta ao final e com todos os festeiros e familiares reunidos, assim como as autoridades e o povo em geral, apresentar um teatro dramatizando a história do confronto entre o Reinado do Congo simbolizado pelo Rei, seu filho, o Príncipe e seu Secretário de Guerra, e o Reinado de Bamba simbolizado pelo Embaixador e seu exército com 24 Soldados, que ao final são subjugados ao Reinado do Congo pela força e depois pelo milagre de São Benedito.

Após a apresentação, o cortejo com os festeiros e uma pequena multidão são escoltados pelo Congo até a casa da Rainha onde todos são recepcionados com uma chuva de confetes, Chorado, bezéques, muita alegria e confraternização. Logo após, todos se dirigem sob a escolta do Congo ao Centro Comunitário, oferecido pela Rainha. Após o almoço o Congo reinicia a escolta do cortejo de festeiros, entregando o Rei, a Juíza, o Juiz, e as Ramalhetes.

No dia seguinte, há a mesma função de buscar os festeiros e levá-los para a missa, onde serão proclamados os festeiros da próxima festa. Neste dia o trabalho é dobrado, pois o Congo tem que buscar os festeiros atuais e os futuros festeiros, o que aumenta muito o itinerário e o esforço desprendido.

O Congo sai bem cedo para buscar os festeiros; na foto,
o Juiz de São Benedito, Everaldo Coelho de Brito, escoltado pelos soldados do Congo.

Após a Missa Afro, onde é feita a proclamação e transferência simbólica dos cargos aos novos festeiros, o Congo escolta o cortejo dos festeiros à casa da Juíza e depois ao Centro comunitário para o almoço oferecido pela mesma. Após o almoço o ritual de entrega dos festeiros continua até que todos sejam entregues, o que acontece até o início da noite. Depois disso o Congo se dirige ao pátio frontal da Igreja Matriz onde, junto com uma multidão, cantam e dançam encerrando a festa de São Benedito. 


DANÇA DO CONGO (Status & Função):

Rei  -  Escolhido pelo próprio grupo do Congo com possíveis interferências da Irmandade de São Benedito. Tem cargo vitalício, mas pode ser substituído por motivo de saúde, velhice, mudança para outra cidade ou por algum conflito interno grave.

Rei do Congo, Joaquim Poeta (in memorian)
O Rei manda simbolicamente em todo o Reinado, incluindo-se aí, todos os Soldados, o Príncipe, o Secretário e o Embaixador de Bamba. Ele é o responsável pelo bom andamento da dança. Preenche as vagas para os “figuras” do Congo, e coordena os ensaios juntamente com o Embaixador. Atualmente, o Rei também é Presidente da Associação do Congo e dirige o “Conguinho”, grupo numeroso de meninos que estão aprendendo a dançar o Congo, tendo já se apresentado em um ou dois eventos públicos em Vila Bela.

Conguinho de Vila Bela


Joaquim Poeta organizando o Conguinho
Kanjinjin (Príncipe)  -  Pré-adolescente escolhido pelo Rei, após consultas ao Grupo do Congo e à Irmandade. O Príncipe representa o filho do Rei, o herdeiro do Reinado. Dele se espera valentia, seriedade, obediência e a valorização das tradições.

O Príncipe pode perder seu cargo por diversos fatores como desobediência contínua, comportamento anti-social. Normalmente ele perde o cargo quando entra na adolescência ficando muito grande para representar o papel de Príncipe.

Principe do Congo

Secretário de Guerra  -  Escolhido pelo Rei entre os figuras do Congo, o Secretário é o braço direito do Rei, tendo papel de destaque na dramatização. Protagoniza várias falas e combates e ao final, vence os soldados inimigos através de um feitiço do Rei e da fé a São Benedito.

Lelys Carneiro Geraldes, Secretário-de-Guerra do Congo

Embaixador de Bamba  -  Escolhido pelo ex-Embaixador ou por algum complô interno, o Embaixador é o dono dos Soldados. Juntamente com o Rei, define os itinerários na busca dos festeiros, comanda os Soldados, cobra disciplina e fervor, corrige as músicas e coreografias e determina punições quando necessário.

Guieiros  -  São os dois figuras ou Soldados que vão na linha de frente do Congo. São responsáveis pelo alinhamento do grupo, são “tiradores” das músicas, ajudam o Embaixador com o traçado do itinerário e deslocamento em busca dos festeiros. Seriam os sucessores naturais para o cargo de Embaixador, mas nem sempre isso acontece. 

Músicos  -  São oito figuras ou Soldados que tocam respectivamente: dois chocalhos, dois ganzás, dois bumbos e dois cavaquinhos, fornecendo acompanhamento musical para as cantigas do Congo.

Carlinhos, Músico do Congo

Soldados  -  São dezesseis figuras chamados também de Soldados ou Dançantes, incluindo-se aí, os “Guieiros”. São escolhidos pelo Rei ou assumem alguma “vaga” familiar em substituição a algum parente em caso de morte, doença ou velhice.

Ismael Fernandes de Brito, Guieiro do Congo 

Soldados do Congo preparam o Canjinjin
 
Tem que ser negros, de família tradicional, beber pouco, serem devotos de São Benedito, ter boa voz e saber cantar, além de ter boa resistência física e obedecerem sem discussão a hierarquia do Congo.



Fonte:
A Festança de Vila Bela da
Santíssima Trindade - Mato Grosso

Mario Friedlander

Inventário Nacional de Referências Culturais

IPHAN
Ministério da Cultura
Cuiabá, Dezembro de 2001









CANTOS DA DANÇA DO CONGO
LIMA, José Leonildo. Vila Bela da Santíssima Trindade-MT: Sua Fala, Seus Cantos. IEL – UNICAMP. Campinas-SP: 2000.

I
Sai, sai o ingome sai
Saia do caminho
Sai engomerê.

II
Chegou, chegou enganaiá
Chegou, chegou enganaiá
Pra fazer a nossa festa de São Benedito
Pra fazer a nossa festa de São Benedito.


José Augusto Fernandes de Brito "Bugrão", Soldado do Congo

I
Bateram o sino respondeu lá vidraça
Bateram o sino respondeu lá vidraça
Viva Benedito Santo
que ganhou a sua graça
Viva Benedito Santo
que ganhou a sua graça.

II
Mais é ô Mariá
Mais é ô Mariá
Viva Benedito Santo
que ganhou a sua graça.

III
Sinhô Rei, sinhô rei enganaiá
Sinhô Rei, sinhô rei enganaiá
Digno nosso Rei
Digno nosso lar.

Germaninho, Soldado do Congo
I
Em paz, em paz, em paz
Em paz, em paz, em paz enganaiá.

II
Já, lá, lá mutê
Já, lá, lá mutê
Já, lá, lá calunga
Já, lá, lá mutê.

III
Olha lá matingombê, ê, ê, ê
Olha lá matingombê, enganaiá.


 Lelys, Secretário-de-Guerra do Congo

I
Sinhô Rei vamos embora
Sua festa já acabou.
Sinhô Rei vamos embora
Sua festa já acabou.

Senhora Rainha vamos embora
Sua festa já acabou.
Senhora Rainha vamos embora
Sua festa já acabou.

Sinhô Juiz vamos embora
Sua festa já acabou.
Sinhô Juiz vamos embora
Sua festa já acabou.

Senhora Juíza vamos embora
Sua festa já acabou.
Senhora Juíza vamos embora
Sua festa já acabou.

Ramalhetes vamos embora
Sua festa já acabou.
Ramalhetes vamos embora
Sua festa já acabou.

II
Acabou-se a festa
Com muita alegria
Acabou-se a festa
Com muita alegria
Viva Benedito Santo hoje neste dia
Viva Benedito Santo hoje neste dia.

Caxiri, soldado do Congo

I
Ô marinheiro ô marinheiro
Está na hora de embarcar
O navio está no porto
O marujo vai ao mar.

II
Um adeus bela menina
Tanto tempo eu cheguei
Eu pensava que ela não vinha
Para nunca mais me ver.

III
La Chica caracó
Oia lá miragongo
Ah! Vamos ver
Ó miragongo
Ora muxirungo.

IV
O seu Manoel mandou me contar
Como é a cana do canavial
Canavial do sobre tenente
Cada pé de cana
Ô bumba auê
Bumba xerê
Passeia na praia
Mantingombê, mantingombê
 
 
Jovem dançante do Congo, filho do Embaixador de Bamba

V
Oh! Glorioso São Benedito
Fica aí no seu louvor
Oh! Glorioso São Benedito
Fica aí no seu louvor.

VI
Se a Rainha está sentada
Sem intenção de levantar
Se a Rainha está sentada
Sem intenção de levantar
Sinhô Rei vamos embora
Sinhô Juiz mandou chamar

VII
Viva São Benedito
Lá do céu a glória
Por aquele menino
Que nos deu
A glória por  aquele menino que nasceu
A glória.

VIII
Ah! Viva Benedito com muita alegria
Porém vosso nome não é zombaria
Viva, viva, viva.


Toninho Brito de França, Soldado do Congo (in memorian)

IX

Chilena, chilena carmilá
Olha o caminho uau chilena carmilá.

X
Ajuê Calunga todo mundo sabe
Ajuê Calunga todo mundo sabe
Saltemos do mar em terra
A mesma pessoa
Por cima dum lambari
As ondas do mar são tantas
Não podemos conseguir.

XI
Olha lá mantingombê, ê, ê, ê,
Olha lá mantingombê, ganaiá.

XII
Olha moleque pequenino
Sai fora do caminho
Eu pego meu facão
Sua cabeça vai no chão.


Lelys Carneiro Geraldes, Secretário-de-guerra do Congo

XIII
E giá e giá
E giá e giá
Olha tanque canela
Que dança
Olha lá giá.

XIV
Olha furundu uma vez Luanda
Que eu já vou me embora.

XV
Vamos minha gente
Levantar o ferro.
O ferro está pesado
Vamos suspender o ferro.

XVI
Olha bamba cutia cutiá
Olha bamba cutia cutiá.


O Congo na rua Pouso Alegre durante a Festança, Vila Bela

Texto e fotos: Mario Friedlander

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Ritmo FOLI - Não Há Movimento Sem Ritmo



A vida tem um ritmo, é movimento constante.
A palavra para ritmo (usado pelas tribos Malinké) é FOLI.
É uma palavra que engloba muito mais do que tocar, dançar ou som.
Isto é encontrado em cada parte da vida diária.
Neste filme, você não apenas ouve e sente o ritmo, mas você vê ele.

Título Original: FOLI RHYTHM THERE IS NO MOVEMENT WITHOUT RHYTHM

Canal de Thomas Roebers no YouTube:
http://www.youtube.com/user/ThomasRoebers

Créditos:
Direção por Thomas Roebers e Floris Leeuwenberg
Câmera e Edição por Thomas Roebers (info@thomasroebers.com)
Produção: Floris Leeuwenberg
Gravação de áudio e projeto de som: Bjorn Warning
Tradutor e especialista de ritmo: Thomas Bonenkamp
Com especial agradecimento ao chefe: DJEMBEFOLA |: Mansa Camio
Produzido por Thomas Roebers e Floris Leeuwenberg
Equipe de filmagem durante um mês em Baro, Guineé, África.
Dedicado as pessoas de Baro.

Saya Afroboliviana

ORISABOL Organizacion Integral Saya Afroboliviana

Mais que uma dança ou estilo musical a Saya Afroboliviana representa atualmente a identidade da população Afroboliviana, seu cartão de visita, sua maior força política e cultural.

ORISABOL Organizacion Integral Saya Afroboliviana.

Todos são a favor da Saya, ela contagia de alegria os bolivianos de todas as etnias e também os estrangeiros que tem a oportunidade de assisti-la.
 

Pablo Barra, presidente do grupo Saya Afroboliviana Chijchipa

Até poucos anos atrás a Saya era a manifestação tradicional e comunitária das populações de Afrobolivianos, principalmente aquelas que ainda se mantinham na região dos Yungas, seja ao norte, como em Tocaña, Mururata, Chijchipa, Yarisa, todos nos arredores de Coroico, seja ao sul como em Chicaloma, Colpar, Naranjani e outras nos arredores de Chulumani.
 

Saya Afroboliviana Chijchipa

Saya Afroboliviana Chijchipa

Saya Afroboliviana Chijchipa

Apesar de ser ridicularizada por outras etnias da Bolívia, a Saya era mantida dentro dos clãs familiares e comunitários, mas nunca era apresentada fora deles. Isso mudou por volta da década de 1980 aproximadamente, quando durante uma visita do então Governador de La Paz, Fernando Cajías, a Coroico, um grupo de moradores e estudantes  de Tocaña resolveu apresentar a Saya durante as manifestações de boas vindas ao Governador, o sucesso da apresentação foi instantâneo e a partir daí, inclusive por influência do próprio Governador, a Saya foi levada a diversos eventos dentro e fora dos Yungas e conquistou rapidamente os bolivianos, tendo sido inclusive transformada em Patrimônio Cultural de La Paz.
 

Saya Afroboliviana Chijchipa no carnaval de Oruro 2011

MOCUSABOL  Movimento Cultural Saya Afroboliviana

ORISABOL Organizacion Integral Saya Afroboliviana

Atualmente, muitos Afrobolivianos  provenientes dos Yungas mas que residem em La Paz ou outras cidades maiores, montaram diversos grupos de Saya, alguns são mais politizados que outros, mas todos se apresentam frequentemente nos mais diversos eventos, inclusive em muitos eventos  fora da Bolívia. A expansão da Saya como elemento de promoção da auto estima dos Afrobolivianos e como um catalisador da cultura Afroboliviana é inexorável e irreversível, nos rastro dela, outros elementos culturais e religiosos das comunidades Afrobolivianas  irão surgir a público e provavelmente serão aceitos com facilidade, ampliando assim o universo de signos Afro na cultura boliviana.
 

MOCUSABOL  Movimento Cultural Saya Afroboliviana

 ORISABOL Organizacion Integral Saya Afroboliviana

 Saya Afroboliviana Chichipja

 Freddy Araoz Presidente de ORISABOL

A seguir alguns textos coletados na Bolívia para oferecer maiores informações sobre o tema. 


ORIGEN DE LA SAYA AFRO-BOLIVIANA
Los intereses económicos que movían la práctica del comercio de esclavos en el siglo XVIII hicieron que la población africana emigre a Latinoamérica. Y como la música y la danza es parte de la vida del ser humano, esta también viajó a la tierra de Los Andes, donde se adaptó a   prácticas ancestrales ya existentes.

Su origen africano está implícito en la deformación del vocablo Nsaya de Origen Kikongo (Africa); así la saya etimológicamente significa: trabajo en común bajo el mando de un (a) cantante principal. Está compuesta de música, danza, poesía y ritmo donde se utiliza bastante la metáfora y la sátira, tocando temas de la esclavitud y de la situación actual.

La Saya afro-boliviana presenta elementos del ancestro africano; sin embargo posee  algunas peculiaridades sincréticas aymaras como la vestimenta, especialmente en las mujeres.

 

SU INDUMENTARIA Y CARACTERÍSTICAS
Las características de la Saya son bien definidas. Los hombres entonan, con sus potentes voces, coplas que las mujeres repiten con bellos matices de sus voces de sopranos. Los movimientos del baile son muy cadenciosos y sensuales. Las mujeres con el porte muy erguido, moviendo la cadera y con pasos cortos marcan la coreografía. Los hombres con mucha plasticidad tocan el bombo y el regue regue llevando el ritmo.

Las mujeres formando dos hileras van por delante y los varones van atrás portando los instrumentos musicales.

La vestimenta es blanca. Las mujeres llevan polleras con varias tiras de colores, en la parte del ruedo y bordados en la parte superior, blusas de mangas cortas, escote cuadrado, toda la blusa va bordada y adornada de cintas, encajes y zigzag, el sombrero en la mano y una manta de color, doblada y colgando en el brazo derecho. Llevan hojotas.

Preside el grupo uno o dos caporales (achachis) al estilo del capataz que siendo moreno vestía al estilo de un patrón del tiempo colonial. El caporal lleva un látigo que lo usa para conservar la disciplina de los bailarines. Además, llevan cascabeles en los tobillos.

Los bombos son confeccionados por personas expertas pues se utilizan troncos que deben ser procesados de tal forma delicada que den sonoridad adecuada. Los regue regues están hechos de cañas huecas talladas de forma canalada en espiral que se rasga con un palito delgado.

"La Saya" boliviana fue declarada patrimonio cultural e intangible del departamento de La Paz
APG Noticias
Abril 14, 2007, 0:45 EDT

 

LA PAZ -  BOLÍVIA
La saya boliviana, representativa en el departamento de La Paz fue declarada como "patrimonio cultural e intangible" del departamento, por el Honorable Consejo Departamental.

La declaratoria pretende rescatar y conservar la música y danza de "La Saya" afro-boliviana que identifica no solamente a las personas, sino a toda la región de Los Yungas paceños.

El Secretario General de la Prefectura, Alejandro Zapata, manifestó que la comunidad afro-boliviana aportó al folklore con muchas expresiones culturales como  ser la morenada, los caporales y principalmente legándonos el ritmo exquisito de la saya y por lo cual no es posible que no se reconozca a esta hermosa práctica cultural que se tiene en el departamento.

Junto a la declaratoria también se reconoció a toda la comunidad afro-boliviana que se encuentra asentada en las diferentes comunidades de los municipios de Coroico, Coripata, Chulumani e Irupana, en las provincias Nor y Sud Yungas del departamento de La Paz.

El Secretario General de la Prefectura además informó que por este motivo se organizará un acto de entrega de esta importante declaratoria y la condecoración a la comunidad afro-boliviana a cargo del Prefecto José Luis Paredes. El mismo está programado para el 20 de este mes, donde están invitados,   la comunidad afro de Estados Unidos y de Latinoamérica.

Fonte: http://bolivianisima.com/danzas/saya.htm 



SAYA AFROBOLIVIANA - TOCAÑA
Ubicación
Departamento: La Paz
Municipio: Coroico
Provincia: Nor Yungas
Cantón: Pacallo

Como llegar:
La Paz - Unduavi (44 Km)
Unduavi - Cotapata (8 Km)
Cotapata - Yolosita (42 Km)
Yolosita - Tocaña (8 Km).

Descripción
La Localidad de Tocaña se encuentra ubicada a 18 kilómetros de la Población de Coroico, dentro de la Provincia Nor Yungas en el Departamento de La Paz. El Movimiento Cultural de la Saya Afroboliviana en los últimos años ha tenido un crecimiento sorprendente, fue declarada "Patrimonio Cultural e Intangible del Departamento de La Paz". De acuerdo con los ancianos y líderes, el origen de la institucionalización del movimiento, se remonta a la década de los años 80 del siglo XX. Un cúmulo de historias que recuperan la memoria colectiva de los descendientes afrobolivianos han consolidado la difusión de esta magnífica expresión cultural. La danza tiene origen africano, su denominación surge a partir de la deformación del vocablo Nsaya de origen kikongo, que significa: "Trabajo en común bajo el mando de un cantante principal"; la música que acompaña la danza se compone principalmente del canto de los participantes. Sus letras hacen referencia al maltrato al que fueron sometidos sus antepasados a través del uso de la sátira y la metáfora; su vestimenta posee particularidades aymaras, especialmente en las mujeres; estos atuendos son de color blanco donde ellas visten polleras con varias tiras de colores, blusas de mangas cortas, bordadas y adornadas de cintas, un sombrero en la mano y una manta colgada en el brazo izquierdo. Es la mujer quien lideriza el baile con su canto y el movimiento de sus caderas, de la misma manera la danza se organiza mediante la formación de dos hileras. Esta se inicia con el sonar del cascabel del capataz, su indumentaria se ve complementada con el látigo que representa su autoridad, simultáneamente se escucha el sonido sincronizado del bombo y la coancha. La organización folklórica promueve presentaciones artísticas en las ciudades capitales del país, especialmente en La Paz y dentro su jurisdicción en las fiestas patronales del municipio.


Dança do Chorado de Vila Bela da Santíssima Trindade, Mato Grosso


DANÇA DO CHORADO 

Também chamada de a “Dança das Cozinheiras”, o Chorado acontecia com freqüência durante qualquer ocasião festiva em Vila Bela e nas comunidades rurais do entorno. Dizem que a incorporação do Chorado, como atividade oficial da Festança, ocorreu a partir de 1982, quando foi criado e estruturado o Grupo do Chorado, inclusive com o resgate de antigas músicas e coreografias.

Modesta dançando Chorado

Gerônima Brito de França, Dona Fia

Pelo menos três visões distintas sobre o Chorado circulam em Vila Bela. A primeira é de que ele era um artifício utilizado pelas escravas que habitavam ou trabalhavam junto às casas dos patrões, para manter os mesmos, mais benevolentes e em alguns casos conquistar através da dança favores especiais, principalmente o perdão ou a diminuição de castigos corporais aplicados em outros escravos. Para ilustrar essa visão, transcrevemos um depoimento de Dona Gerônima Brito de França, Dona Fia “...meus avós contavam que a festa, era uma festa das pessoas negras que começou naquela época (escravidão) que as pessoas negras eram mais massacradas em tudo e por tudo, as mães de família, os pais, as mulheres, elas viam os filhos, os maridos, trabalhando e sofrendo de todo jeito e elas também trabalhavam né, as mulheres, só que elas faziam pra agradar os patrão, aquelas pessoas de dinheiro que eram os chefes, eram mandão. Elas inventavam de dançar fazia aquela mesa bem ajeitadinha pra eles, com comida, como tudo as coisas que eles podiam fazer e quando aqueles patrões chegavam na mesa pra almoçar, aí elas cantavam aquelas músicas bonitas pra eles e dançavam pra lá e pra cá, muitas catavam cafuné na cabeça deles, prá agradá e com isso elas colhiam muita coisa favorável para os maridos e pros filhos, e foi acabando aquele tipo de arrogância, aquele tipo de egoísmo, aquela vida do negro ser massacrado, foi diminuindo, diminuindo, diminuindo...”

Astrogilda Leite de França, a dançarina mais idosa do Chorado

A segunda visão e de que as mulheres que trabalhavam nas festas de santos e na própria Festança, produzindo as refeições comunitárias do povo, não tinham tempo de participar dos festejos e por isso, quando as festas acabavam, elas promoviam o “mocororó” (“a rapa da panela”, “o restinho da rapagem”) ou seja, uma confraternização geral entre as equipes da cozinha, animada pelo Chorado, inclusive com a participação de homens que batucavam, cantavam, dançavam e sapateavam. A bebida do “mocororó” era conseguida através da captura de homens curiosos ou velhos conhecidos que passavam nas imediações das cozinhas ou casas. A captura se dava através da laçada do pescoço do mesmo com um lenço comprido que as mulheres do Chorado sempre têm a mão. O homem é puxado com vigor ate o interior do recinto onde ocorre o “mocororó”, normalmente as cozinhas e varandas internas. Lá ele é cercado pelas mulheres que dançam e cantam “esse irimão (irmão) vai pagar, esse irimão vai pagar”. Se o homem desembolsa algum dinheiro e repassa as dançarinas ele é imediatamente solto e as mulheres cantam “homem que tem dinheiro, deita na cama e carinho nele, carinho nele”. Se o homem se recusa a pagar ou não tem dinheiro elas cantam enfezadas “homem que não tem dinheiro, deita na cama e porrete nele, porrete nele”, e ele é solto e esquecido.

Apresentação do Chorado durante a Festança de Vila Bela
A terceira visão é a de que o Chorado era uma das formas de diversão e integração da comunidade incorporada por todos, homens e mulheres com ritmo mais lento e sensual que animava todos os tipos de festas e celebrações e que agora se transformou num símbolo de manifestação cultural do gênero feminino vilabelense. O Chorado foi recriado através de pesquisas com as mulheres mais velhas e transformado no Chorado atual, folclórico e encantador, incorporando ritmos e músicas do batuque e do tambor.

Jackeline e ao fundo à direita, Dona Andreza

Atualmente, o Chorado está organizado através da Associação da Dança do Chorado de Vila Bela (ADCVB) fundada em 2001, cuja Presidente é Zózima Frazão de Almeida, cantora do grupo e capelona. Abrange cerca de 25 dançarinas, 1 coordenador, 3 cantoras e 2 músicos, utiliza 1 violão e 2 atabaques como instrumentos musicais. A indumentária é festiva, longo vestidos colorido, muitos colares, um lenço comprido, enfeites no cabelo e uma garrafa de kanjinjin para as coreografias dançadas com a garrafa na cabeça. Quase todas as dançarinas são mulheres de meia-idade ou até idosas, não sendo bem vindas as jovens. O Chorado se apresenta em quase todos os eventos públicos que ocorrem na Vila Bela e também, em eventos particulares, podendo ser contratado para isso.

Apresentação do Chorado durante a Festança de Vila Bela

Durante a Festança, o Chorado ocupa uma posição nobre, pois se apresenta no tempo e espaço originalmente destinado ao Congo, ou seja, logo após o final da Missa Solene em ação de graças ao Glorioso São Benedito. Isso gerou uma grande polêmica e um contínuo enfrentamento, principalmente com o Grupo do Congo, que até hoje lamenta o tempo e espaço perdido, alegando que o Chorado não faz parte da tradição devocional e, portanto, não deveria se apresentar no auge da Festa de São Benedito. Alegam ainda, que a apresentação do Congo após a missa, ficou prejudicada por ter menos tempo para a dramatização e também em função do horário ser muito adiantado e o sol estar muito forte, incomodando os festeiros, principalmente os idosos, as autoridades, o público nas arquibancadas e os próprios dançantes que têm que se esforçar mais em função do calor. 

Fonte:
A Festança de Vila Bela da
Santíssima Trindade - Mato Grosso

Mario Friedlander

Inventário Nacional de Referências Culturais

IPHAN
Ministério da Cultura
Cuiabá, Dezembro de 2001











CANTOS DA DANÇA DO CHORADO

LIMA, José Leonildo. Vila Bela da Santíssima Trindade-MT: Sua Fala, Seus Cantos. IEL – UNICAMP. Campinas-SP: 2000.


I
E vem, e vem a barra do dia e vem
E vem, e vem a barra do dia e vem.

Eu peço a Vila Bela licença queira nos dar,
viemos de Vila Bela essa dança apresentar.

Eu falo aos vila-belenses, uma coisa, uma coisa
vou dizer, o carro sem boi não anda, eu não canto sem beber. 

II
Eu tenho um menino dentro do meu coração, Mariá
tanto tempo tá comigo,
nunca fez mal criação, Mariá.
Vai, vai, vai, que eu também vou, Mariá.


III
Jaqueline e Mariana todas têm um parecer, Mariá
Jaqueline tem um jeitinho de botar Marina a perder, Mariá.
Dam, dam, rim, dam, dam.

IV
Entrei de caixeiro saí de sócio,
deitado na cama quebrei
meus ossos, eu posso, eu posso
com mais alguém (bis).

Eu posso, meu bem, eu posso
Eu posso com mais alguém.
Eu posso, meu bem, eu posso
Eu posso com mais alguém. 

V
Cachorro que late em seu quintal
Au, au, au no seu quintal.
Quem tem seus amores longe
Dam, dam, dam sinhá (bis). 

VI
Chuva choveu sabiá, na beira mar
sabiá, vem ver seu ninho
sabiá, pra não molhar (bis). 

VII
Fui no mato panhar coco,
pra matar a minha fome,
lá do mato respondeu,
coco verde não se come,
oi coco verde não se come (bis).

Dam, dam rim, dam, dam. 

VIII
Meu patrão brigou comigo,
mas não foi por coisa à toa,
foi porque eu fui buli,
no tinteiro da patroa.

Oi guirro, guirro, guirro lá (bis). 

IX
Seu delegado não me prenda,

Não me leva pro quartel,
eu não vim fazer barulho,
vim buscar minha mulher. 

X
Esse irmão vai pagar 

XI
Esse irmão já pagou
Dam, dam, rim, dam, dam. 

XII
Homem que tem dinheiro
Deita na cama e carinho nele.
Carinho nele, carinho nele.
Dam, dam, rim, dam, dam. 

XIII
Homem que não tem dinheiro
Deita na cama e porrete nele.
Porrete nele, porrete nele.
Dam, dam, rim, dam, dam.


XIV
São Pedro e São Paulo, São Bartolomeu,
São Pedro e São Paulo, São Bartolomeu
esses homens de agora, é pecado meu (bis).

Senhor me desculpe que estou muito aflito
Senhor me desculpe que estou muito aflito

Lidando com a festa de São Benedito. 

XV
Qua, qua, qua amor.
Qua, qua, qua amor tem perigo tem.
Tem, tem, tem perigo tem. 

XVI
Qua, qua, Qua, minha nega,
qua, qua, qua, qua

Qua, qua, qua, minha nega,
qua, qua, qua, qua.

Seu eu soubesse que tu vinhas, minha nega,
dava um dia maior, minha nega
dava um nó na fita verde, minha nega
outro no raio do sol. 

XVII
Eu queria ser rolinha, minha nega,
rolinha do sertão, pra mim fazer
meu ninho, dentro do seu coração.

Não precisa ser rolinha, rolinha do sertão,
o seu ninho já esta feito,
dentro do meu coração.

Dam, dam, rim, dam, dam.


XVIII
Olha lá a umbigada,
que Sabino mandou dar (bis).

Sabino não pôde vir
mandou eu no seu lugar,
é por isso que estou aqui,
eu vim representar.

Sabino diz que umbigada
não tem ofensa nenhuma,
quem não tem mulher aqui
dá umbigada em mulher de qualquer um.

Olha lá a umbigada
que Sabino mandou dá.

Dam, dam, rim, dam, dam. 

XIX
Lá no pé da bananeira, tem
marimbondo sinhá (bis).
tem em cima tem sinhá.

Tem em baixo e tem em cima
tem marimbondo sinhá.

Lá no pé da bananeira,
tem marimbondo sinhá.

Dam, dam, rim, dam, dam. 

XX
Bem-te-vi bateu asa,
bateu asa e avuou.

Bem-te-vi bateu asa,
bateu asa e avuou.

Quando tu for embora,
Dê lembrança meu amor (bis).


XXI
Eu vou embora e não volto mais aqui,
Eu vou embora e não volto mais aqui,
eu vou morar na mata onde canta a juriti,
eu vou morar na mata onde canta a juriti.

Dam, dam, rim, dam, dam. 

XXII
Adeus passarinho, adeus passarinho,
Adeus que eu já vou se embora (bis).

Dam, dam, rim, dam, dam. 

XXIII
Urra mutum, mutum não quer urrar
Urra mutum, mutum não quer urrar

U, u, u, u, u

O milho da minha roça mutum não come mais
O milho da minha roça mutum não come mais. 

XXIV
Morena, morena seu amor já foi embora
Morena, morena seu amor já foi embora

Seu retrato me consola, moreno
Deixa ele que vá

Seu retrato me consola, moreno
Deixa ele que vá

Dam, dam, rim, dam, dam. 

XXV
Filha da Antônia pariu
Não sabe se é fêmea ou se é macho.

Filha da Antônia pariu
Não sabe se é fêmea ou se é macho.

Bem embaixo, sinhá, bem embaixo
Bem baixinho, sinhá, bem embaixo.

Bem embaixo, sinhá, bem embaixo
Bem baixinho, bem baixinho.


XXVI
Quem nunca viu Dorotéia
É coisa de admirar

Quem nunca viu Dorotéia
É coisa de admirar

Com sua saia de chita
Camisa seu natural.

Bem embaixo, sinhá, bem embaixo
Bem baixinho, sinhá, bem embaixo
Bem embaixo, sinhá, bem embaixo
Bem baixinho, sinhá, bem embaixo. 

XXVII
Lá no pé da serra eu deixei meu coração
Lá no pé da serra eu deixei meu coração
Saudade eu tenho de morar no meu sertão.

Na minha casa eu trabalho noite e dia
No meu ranchinho tinha tudo o que eu queria
Na minha casa eu trabalho noite e dia
No meu ranchinho tinha tudo o que eu queria

O xote é bom para dançar
Minha cabocla dança xote sem parar,

O xote é bom pra dançar
Minha cabocla dança xote sem parar.


XXVIII
O que tem seu Mané
Que eu não posso entender

O que tem seu Mané
Que eu não posso entender.

Dá cozido não qué seu Mané
Tudo o que é cru qué comer,
Dá cozido não qué seu Mané
Tudo o que é cru qué comer.

Dam, dam, rim, dam, dam. 

XXIX
Tu eras quem me dizia
Tu eras quem duvidava
Que no fim de nosso amor
Tu eras quem me deixava

Dam, da, rim, dam, dam. 

XXX
Morena quem te contou
Que esta noite serenou
Deitado no seu colo
Sereno não me molhou.